quarta-feira, 13 de outubro de 2010

CINEMA: Tropa de Elite 2: o inimigo agora é outro. Missão dada é missão cumprida!




Cuidado... se você não assistiu o filme é melhor não ler...

Acho que é fato... Tropa de Elite 2 pode ser considerado como a primeira Mega-produção do cinema brasileiro... O que pode representar uma grande revolução para o nosso, ainda criança, cinema moderno brasileiro.
Como detalhista que sou, preferi assistir ao filme duas vezes. A primeira para curtir o filme e a segunda para observar os detalhes.

O Tropa 1 chamou atenção pelo realismo dos fatos destacados e pela “super-pirataria” que tomou conta desta primeira produção. Para mim, o primeiro filme não passou muita coisa além de um choque de realidade, não percebi muita profundidade na história e nem muito motivo para grandes elogios ao roteiro. Nota 7 é o que daria...

Já o Tropa 2... veio com um enfoque bastante interessante... além de um esquema de guerra para evitar a pirataria.
Não que tenha deixado de lado o choque de realismo, pelo contrário, acentuou ainda mais, só que com uma trama muita bem elaborada por trás.

O filme:
De volta ao BOPE, o agora Coronel Nascimento está envolvido em uma trama complexa. Após uma rebelião em Bangu 1, onde o Capitão Matias comete um erro de subordinação, o Coronel Nascimento é visto como vilão pelas autoridades governamentais e pelo movimento dos direitos humanos, mas, pela maioria é visto como herói, o que causa uma divergência entre as autoridades competentes sobre o futuro dele na corporação. Diante da pressão popular, o Coronel Nascimento, como ele próprio fala, acaba caindo, “mas caindo para cima”, sendo promovido à sub-secretário de inteligência da secretaria de segurança pública do Rio de janeiro.
Nascimento se vê de frente à uma grande oportunidade de bater de frente com o “sistema” e faz do BOPE uma arma de guerra contra o tráfico de entorpecentes. O que o Coronel não contava é que o “sistema” seria muito mais rápido e se adaptaria rapidamente à nova realidade. Os inimigo agora são outros e muito próximos: a Polícia militar e políticos de alto escalão do estado do Rio de Janeiro.
Durante o combate a essa nova realidade, Nascimento tem que conviver com crise familiar, desafeto com seu grande amigo Capitão Matias e a ideia de, diante da proximidade do inimigo, não poder confiar em ninguém.

Direção e produção:
José Padilha já tinha demonstrado,no Tropa 1, o seu estilo arrojado de fazer filmes. Cenas sempre agitadas, mas com uma edição muito bem controlada e coerente. Mas, mesmo assim a edição pecou em alguns momentos, como na cena da emboscada ao Coronel Nascimento onde a troca de câmeras acabou confundindo, mais do que deveria, quem era amigo e quem era inimigo do protagonista. Para mim, o grande exemplo de edição bem feita continua sendo Cidade de Deus.
Destaco a direção de fotografia que proporcionou ótimos enquadramentos baseados em cenários perfeitos e bem montados. A operação de áudio e a qualidade das imagens, graças ao “bum” de recursos recebidos, deram um salto gigantesco, mas é uma pena que as salas de cinema aqui do estado de Sergipe pequem tanto na qualidade de seus equipamentos!

Elenco:
Em relação ao Tropa 1, os atores de maior destaque foram mantidos:

Eu sei quando um ator superou minhas expectativas quando não consigo imaginar nenhum outro no mesmo papel. Dessa vez, Wagner Moura (Nascimento) André Matos (Fortunato) me proporcionaram esse sentimento. Wagner Moura foi impecável neste papel, sem queixas, o papel nasceu pra ele e ele não decepcionou, construiu uma imagem de um homem grosseiro, mas educado quando tem que ser, aberto ao diálogo, mas autoritário quando o seu trabalho o obriga e incorruptível, mas humano como qualquer um.

André Matos nos brindou com uma atuação surpreendente. Ele fez um papel daqueles que apesar de “coadjuvantes”, sempre serão lembrados quando falarem do filme! Isso mesmo, O Deputado Fortunato no proporcionou risadas, raiva e principalmente um sentimento de “bem preegado!”...

Seu Jorge, na curta participação, também mandou muito bem! André Ramiro (Matias), por mais que não seja o meu preferido para o papel (diante de uma passividade, incompatível com o personagem, que o rosto dele, naturalmente, passa) supriu bem a necessidade do papel. Maria Ribeiro (Rosane), Irandhir Santos (Dep. Fraga), Sandro Rocha (Major Rocha) e Milhem Cortaz (Cap. Fábio) completaram com louvor o ótimo elenco do Tropa 2.

Possíveis falhas na história:
A trama traz como líderes de quadrilha o deputado estadual, o secretário da SSP e o governador do Rio. No fim, quando Nascimento vai à Assembleia Legislativa e, como dito no filme, joga a “merda no ventilador”, é mostrado o Deputado Fortunato preso, o deputado Federal eleito e o governador reeleito. Mas só o Deputado Fortunato preso? Por que? Aí você me diz: Ricardo, a corda sempre arrebenta no lado mais fraco... CONCORDO PLENAMENTE, mas, pela lógica, ele não iria querer ir sozinho... Aí vem você novamente e diz: Ricardo, político não fica preso muito tempo e devem ter dado garantias ou ameaças razoáveis a ele... mais uma vez CONCORDO PLENAMENTE, mas eu pergunto: o que custava explicitar isso? Nem sempre para bom entendedor meia palavra basta...
Fora isso, alguns pequenos erros de coerência de cenas foram notados, mas nada relevante.

Impressão final:

Na minha modéstia opinião, o filme É MUITO BOM! Preenche as lacunas deixadas no 1 e nos mostra o quanto é difícil bater de frente com o “sistema”... O roteiro foi muito bem montado, o elenco muito bem escolhido e a direção fez um ótimo trabalho. Mas, muito mais que um ótimo filme, Tropa 2 chega para reafirmar quanto o cinema brasileiro tem amadurecido e quanto potencial o mesmo ainda tem sobrando! Espero que esta fase do cinema brasileiro evolua e não pare no tempo... Hoje, o cinema brasileiro vem conquistando um espaço jamais visto e mostra que deve ser levado realmente a sério.
Depois do sucesso de Tropa 1, José Padilha recebeu uma missão desafiadora e deitou e rolou em cima dela. Fecho minha impressão deste filme com um bordão característico da trama: MISSÃO DADA, PARCEIRO, É MISSÃO CUMPRIDA.

Músicas para ouvir depois do filme:
O calibre: Paralamas do sucesso
Até quando: Gabriel O pensador

Saudações
Ricardo Araújo - @lricardoaraujo

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