sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Entre a catástrofe e o Crônico


Neste início de ano a região Serrana passou pelo que está sendo considerado o maior desastre climático brasileiro da história... Hum.... Hum... Acho que devo escrever sobre isso também ao decorrer deste texto.
Acho que você já deve ter ouvido ou tem lido, como eu, as seguintes expressões: “o Brasil está tomado por uma onda de solidariedade.” “O brasileiro tem dado um show de solidariedade.” “Só mesmo o povo brasileiro para promover tal manifestação”. E lá vou eu novamente... Hum... Hum.... Meio estranho tudo isso...
Hoje, enquanto almoçava, eu ouvi a âncora de um telejornal local dizer: o caminhão de Sergipe, com toneladas (não me recordo o número exato) de doações chegou ao Rio com as doações sergipanas. Nossa!!!! Estamos no outro lado do Brasil e enviamos toneladas de doações para o Rio?
Logo depois, durante o intervalo comercial, apareceu uma propaganda do Governo de Sergipe mostrando que também está trabalhando para ajudar as vítimas do Rio... Em uma feira que está sendo realizada na Orla de Atalaia, também tem lá um container que está sendo lotado de doações...
Todas as iniciativas são louváveis, o brasileiro é sim um povo solidário, mas em termos...
Vamos a um exemplo prático:
Imagine que em sua casa falta comida o ano todo e seu pai, seu marido, sua esposa, seu avô ou até mesmo você, enfim, o chefe da sua família... declare que não pode fazer muita coisa sobre isso... até que, de repente, seu vizinho fica sem arroz e o mesmo chefe de família de sua casa arranja quilos e mais quilos de arroz, o que você acharia?
Bem, é nítida a importância de união nesses momentos de catástrofe, mas... E nós, como ficamos? Apesar desse texto servir para outras realidades, quero me ater à realidade dos sergipanos.
Vivemos em um estado banhado por 6 bacias hidrográficas, mas, mesmo assim, grande parte do nosso território sofre com problemas de SECA... Milhares de pessoas sofrem com doenças, com falta de alimentos, perda de plantações e com outros problemas acarretados pela SECA. Quantos caminhões e mobilizações você já foram enviados este ano para ajudá-los?
Apesar de sermos um estado pequeno, nossa população ainda sofre bastante com desemprego, falta de uma educação decente, corrupção, sucateamento da saúde, dentre outras dezenas de problemas que levam a marginalização dos mesmos... Mas quantos mutirões você ver para ajudar?
Iniciativas existem sim, claro que existem, mas são tão poucas e, as que existem, sofrem com a falta de apoio! O que falta para que mobilizações tão grandiosas sejam realizadas? Será que é devido à SECA e à marginalização serem problemas crônicos e não DESASTRES? Será que é por que não tem ninguém flagrando uma cena impressionante com o celular para ser destaque em um jornal? Será preciso que as casas de TAIPA caiam todas de vez?
Uma amiga minha me disse que ouviu em uma reportagem do Jornal da Globo a seguinte frase: “Nem os ricos foram poupados”... Nossa! Que poético e pertinente, não? Até nessas horas fazem questão de diferenciar.... Diferenciam sempre, mas com uma total falta de critério. É a mesma coisa quando morrem 400 pessoas em Bagdá devido a um ataque de homem-bomba e o destaque que a mídia dá é um espaço de segundos no “Giro no mundo em 1 minuto” do Jornal Hoje; enquanto que se morrem 10 pessoas nos EUA por um ataque de um outro homem bomba, a notícia ganha até vinheta própria... e eu questiono: não são todos seres humanos? Só porque é crônico em Bagdá, devemos nos importar mais quando acontece como desastre nos EUA?
Só este ano (estamos no 25º dia de 2011) 11 cidades do nosso querido Sergipe decretaram situação de emergência devido à SECA... São SETENTA MIL PESSOAS sofrendo com este problema... Você, sergipano ou sergipana, que doou para os cariocas, doou o que para essas pessoas?




Não estou falando aqui que não devemos ajudar aos brasileiros afetados pela chuva (colocarei no fim deste texto, formas para ajudar as vítimas), o que estou falando é que se deve ter atenção para o que acontece bem abaixo dos nossos narizes! E não culpo a mídia como a GRANDE culpada... Nesse tipo de discussão é muito fácil jogar a culpa para a mídia, tipo quando colocamos a culpa da banalização dos valores familiares nas novelas da globo! Quem faz a audiência são os espectadores...
Também não estou aqui para comparar números e dizer quem sofre mais ou merece mais... Mas quão bem faria toneladas de alimentos para as pessoas que sofrem com a SECA e a marginalização? Acho que você sabe a resposta...
Quanto ao maior desastre climático brasileiro da história... Eu apenas não entendo quais parâmetros são considerados... Tem prazo e outros tipos de condições para ser considerado desastre ou problema crônico? Número de mortos? Quantas pessoas já morreram devido à SECA? A SECA não é desastre climático? Confesso que estou bem confuso quanto a esses parâmetros...
Devemos sim tomar como exemplo o que aconteceu no Rio para percebermos que não podemos esperar que a SECA ou problemas que marginalizem parcela da sociedade sejam destaques negativos na imprensa para daí promovermos mobilizações... É preciso prevenir...
Para encerrar reafirmo minha posição:
SOLIDARIEDADE NUNCA É DEMAIS!!! TODOS SOMOS SERES HUMANOS... até mesmo antes de sermos sergipanos, nordestinos ou brasileiros, nós somos SERES HUMANOS... todos iguais e merecedores de todo o tipo de ajuda... Portanto... AJUDE:

DOAÇÕES PARA AS VÍTIMAS DAS CHUVAS NA REGIÃO SERRANA DO RIO:
Na Feira de Sergipe, que está sendo realizada na praça de eventos da orla de Atalaia, o SEBRAE está arrecadando doações até o dia 30/01/2011
Como ajudar as vitimas da SECA:
Esta notícia é bastante completa e mostra como podemos ajudar:

Seja criativo, existem incontáveis formas de ajudar quem precisa...

Saudações

Ricardo Araújo - @lricardoaraujo

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

1º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (EICA)

1º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (EICA)
De 13 a 15 de abril de 2011 - Universidade Federal de Sergipe


O Laboratório Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (LICA) e o Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) realizarão o 1º Encontro Interdisciplinar de Comunicação Ambiental (EICA), com o objetivo de aglutinar, debater e divulgar pesquisas e experiências relacionadas ao papel da informação, da comunicação e da mídia no enfrentamento dos problemas ambientais contemporâneos.

A programação do Encontro, que tem apoio da Fapitec - Fundação de Amparo à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe, incluirá quatro mesas-redondas com especialistas de todas as regiões do país, apresentação de trabalhos, exibição de vídeos ambientais e oficinas experimentais.

Público-alvo: professores, pesquisadores, pós-graduandos, graduandos de diferentes áreas de conhecimento interessados em discutir o papel da informação, da comunicação e da mídia no enfrentamento das questões ambientais, bem como profissionais de comunicação que trabalhem com temas ambientais.

Modalidades de trabalhos:
- artigos científicos que discutam questões teóricas ou apresentem resultados de investigações empíricas pertinentes à temática do Encontro;
- relatos de experiências em empresas, organizações sociais, setores governamentais ou projetos de extensão universitária relacionadas à temática do evento;
- pôsteres digitais que sintetizem dados de pesquisas ou relatos de experiências em comunicação ambiental.

Prazo para envio dos trabalhos: 20 de fevereiro de 2011.
Prazo de inscrições no evento: 18 de março de 2011.

Para mais informações:
http://licaufs.blogspot.com/